«Excepção feita a alguns, sobretudo do meio académico, o nome de Francisco Borges Henriques pouco dirá, posto estarmos perante o autor de um notável manuscrito datado de 1715, Receitas dos milhores doces e de alguns guizados particullares e remedios de conhecida experiencia que fes Francisco Borges Henriques para o uzo da sua caza. Trata-se, como o nome do punho do próprio indica, de um receituário heterogéneo, hoje elencado na categoria denominada “livros de segredos”, expressão bem reputada entre os investigadores, cunhada em 2001 por Philip e Mary Hyman. Existem vários em toda a Europa, mas, em Portugal, poucos chegaram aos nossos dias. E talvez fosse exactamente esse o seu destino: permanecerem nas famílias ou nos agregados monásticos e conventuais em que foram produzidos, crescerem à medida que uma nova mão acrescenta mais uma receita ou apresenta uma sugestão para melhorar aquela já existente. É assim, sabemo-lo, que se compilam as receitas de família. É assim que se mantêm, ou se perdem, os “segredos” de gerações.» [De Algumas Palavras Prévias de Inês de Ornellas e Castro]