Senti sempre que a língua portuguesa era para todo o género de composições. E o rebelar-se ela em algumas pareceu-me que era mais inabilidade de quem a conduzia do que defeito próprio seu. Por honra dela, mais que por vaidade minha, tentei compor em tão desvairados assuntos e géneros como tenho feito. Hoje estou crente e firme convencido de que a tudo serve, a todo estilo se presta. Nem me persuadi mais disso por alguma coisa em que sai bem de meus ensaios, do que pelas muitas em que falhei. A singeleza de seu dizer, uma certa malícia popular e mordente de sua inocência saloia faz o dialeto português eminentemente próprio para o Apólogo e para o Conto.