E a tentação era tão deliciosa e forte – que Onofre, diante, tremia todo, com uma espuma na boca ressequida, e grossas lágrimas rolando pelas barbas. Fugia: a mesa reaparecia tão rente do seu peito, que ele sentia a frescura da neve, o fumo da carne, e um aroma de pomar regado, e de flor de romãzeira, e de flor de laranjeira. Dava um brusco empurrão àquelas delícias do Inferno: – as frutas esboroavam-se sobre os seus pés, rachando de maduras, os vinhos entornados faziam regatos cheirosos na areia. Desesperado, torcia os braços, gritava pelo Senhor! «Socorro, meu Deus, socorro!» Tudo desaparecia: – mas logo sobre ele pendiam grossos ramos, carregados de laranjas, de romãs, de cachos de moscatel, de damascos dourados – e do chão rebentava uma chama clara onde um anho, gordo e branco, alourava no espeto... Onofre espedaçava os ramos, Onofre espezinhava o lume. «Socorro, meu Deus, socorro!»
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- Índice
- S. Cristóvão
- I
- II
- III
- IV
- V
- VI
- VII
- VIII
- IX
- X
- XI
- XII
- XIII
- XIV
- XV
- XVI
- XVII
- XVIII
- Santo onofre
- S. Frei gil
- Plano da obra
- I
- II
- III
- IV
- V
- VI
- VII
- VIII