"Quis mentalmente viver a vida singela e primitiva de boas e santas criaturas, que atravessam um mundo de misérias e de injustiças, de vícios e de crimes, de fomes e de tormentos, sem um olhar de maldição para a natureza, sem uma palavra de queixume para o destino. E então encarnei, por assim dizer, no pastor grandioso e asceta, na moleirinha octogenária e sorridente, no cavador trágico, nos mendigos bíblicos, na mansidão dos bois arroteando os campos e nas labaredas de oiro do castanheiro, aquecendo a velhice, alegrando a infância, iluminando a choupana. E, depois de uma existência de sacrifício e de pureza, de abnegação e de bondade, deitei esses ingénuos e pobres aldeões na terra misericordiosa e florida do campo santo, pondo-lhes por cima das sepulturas rasas o Céu maravilhoso e cândido, que em vida sonharam e desejaram."
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