Ao movimento literário representado e peculiar da nascente geração portuguesa tem sido feito pela opinião pública o favor de o não compreender. E esse movimento que, sobretudo na poesia, com crescente nitidez acusa a sua individualidade representativa, não tem sido compreendido, porque uma parte do público, a que tem mais de trinta anos, está inadaptabilizável, por já velha, a esse movimento, e consta, perante ele, de incompreendedores natos; porque outra parte, ou por circunstâncias de bacharelosa espécie educativa, ou por descuidada na manutenção espiritual do sentimento de raça, ou ainda por sentimentos de desviado e estéril entusiasmo, gerados por absorção na intensa e mesquinha vida política nossa, está colocada num estado de pseudo-alma descritível como sendo de incompreendedores de ocasião; e porque a outra, restante, aquela de quem são os novos poetas e literatos e os que os acompanham no obscuro sentimento racial que os guia não tomou ainda consciência de si como o que realmente é, porquanto o movimento poético atual é ainda embrião quanto a tendências, nebulosa quanto a ideias que de si ou de outras coisas tenha.