Há onze anos que este livro foi escrito para a "Gazeta de Notícias", do Rio de Janeiro. Desde então até hoje têm-se transformado, cada vez mais profundamente, todos os antigos problemas de sociologia, relacionados com a literatura de viagens, que tem por objeto o estudo de civilizações comparadas. A questão política cessou de interessar-nos, ao passo que a questão social de dia para dia se nos impõe com mais instância e mais violência. Vacilam todas as opiniões na filosofia e na ciência aplicada à arte de governar, perante a impotência manifesta de sanar as injustiças sociais, função de uma lei natural e irrevogável – a subjugação dos fracos pelos fortes. Nas idades passadas a Fé era um lenitivo dessa opressão, imposta à sociedade pela Natureza. Em nossos dias, porém a irreligiosidade estancou os mananciais de resignação; e os mais poderosos governos do Mundo reconhecem-se inaptos para reorganizara virtude, decretando como no Evangelho a comiseração aos poderosos, a conformidade aos humildes. Inútil para a História, estéril para a Filosofia, possa esta pintura sincera e comovida dos velhos lares holandeses, tão simples, tão modestos, tão recolhidos e tão meigos, ter um humilde lugar na Arte, cuja missão – hoje mais que nunca – é cultivar no coração dos homens a flor da simpatia.
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