João Veríssimo Vieira, mestre de primeiras letras na vila da Póvoa de Lanhoso, em 1750, era homem de bem, e suficientemente entendido no seu magistério. Tinha estudado para padre e prometia então, com o porte exemplar de sua mocidade, vir a ser modelo de clérigos; mas, aos vinte e um anos, quando já revestia sobrepeliz e garganteava salmos nos mortuórios, viu em hora esquerda uma pobre quanto esbelta moça de olhos tão feiticeiros que não houve mais desenliçar-se dela. Estes amores correram clandestinos até ao lance em que lhe cumpria ao minorista desviar-se da vereda do sacerdócio para caminho mais ensilveirado de espinhos, como usa ser o da honra, quando ela por aí vem a remediar culpas.