O Tratado de Confissão, impresso em Chaves em 1489, é um manual para instrução do clero na difícil tarefa de ministrar o sacramento da penitência aos fiéis cristãos. Bastante polémico e politicamente incorrecto aos olhos actuais, ele é um retrato bastante realista dos comportamentos desviantes dos cristãos do século XV, especialmente no âmbito sexual. Nele são tratados em pormenor o adultério, a violação ou estupro, a pedofilia, o incesto, o aborto e a homossexualidade. Esta nova edição, além do estudo introdutório, contém a edição semidiplomática da obra (de acordo com a edição de 1489), a edição actualizada para um público pouco familiarizado na leitura de textos portugueses antigos e a lematização do vocabulário. José María Soto Rábanos diz o seguinte acerca desta obra: «El tratado no me parece obra de autor, por varias razones que se podrían resumir en una: no tiene la estructura que se le supone a una obra de autor. Para empezar, en el prólogo no hay alusión alguna expresa a la motivación del escrito, como suele suceder en los tratados de autor; sino que se empieza directamente con la figura del prelado-juez. Ni siquiera se utilizan términos de carácter sacramental, como los de: pecado, confesión, confesor, penitente, sino términos más propios del ámbito normativo y, en concreto, judicial, como los de: juez, prelado, delito, sentencia, acusado. El discurso prologal se acompaña de citas, tipo ético, de Aristóteles, morales de san Bernardo y jurídicas de san Ambrosio. La única mención a penitencia y a pecado, en este ambiente judicial, llega en la última frase del prólogo, en la que se anota, sin precisar, la pena que debe sufrir un juez por dar una sentencia contra derecho: