No ano de 2018 assinala-se o centenário do final do primeiro conflito armado à escala mundial que viria a alterar, de forma definitiva, a história cultural dos povos. A batalha de La Lys, a 9 de abril de 1918, representa um marco emblemático da participação portuguesa na primeira Grande Guerra e marca social e culturalmente um Portugal recém-saído de uma alteração de regime, ainda a braços com a sua nova realidade política e a viver as primeiras incidências das aparições de Fátima e a pedrada no charco protagonizada pela geração de Orfeu. Cem anos depois ainda é pertinente perguntar: Que marcas culturais e sociais deixou a Grande Guerra em Portugal? Como foi vista e vivida a Grande Guerra (na Europa, mas também nas então colónias portuguesas africanas) em Portugal? Que receção fez o mundo da cultura, das artes e da imprensa ao tema da guerra? Qual a perceção da Grande Guerra nas localidades do interior do país? Como se projetou a Grande Guerra no futuro, militar, política e culturalmente?“Que bem que os soldados ficam com as suas fardas novas e os quépis de campanha! Parecem outros (...) Muitos deles vão ficar nos campos brumosos da Flandres, com o corpo retalhado, os rostos crispados, os olhos vazios: Mas eles não sabem onde é a Flandres, e não se lembram disso. (...) A opinião do país dividira-se à volta da intervenção de Portugal na guerra, que uns reputavam como um crime e, outros, uma necessidade nacional. (...) O povo, sempre alheio na sua ignorância e pela sua miséria às grandes questões nacionais e arredado, pela sua condição servil, do que mais o interessava, não tomara partido.”(Domingos Monteiro 1957)