Publicado na Europa no seguimento da Segunda Guerra Mundial, este livro de Tadeusz Borowski compila pequenas histórias que relatam a sua passagem pelos campos de concentração nazis e descrevem, numa escrita livre e poderosa, um mundo onde, frequentemente, o desejo de sobreviver superava todos os outros.
Em Auschwitz, os prisioneiros comiam, dormiam e trabalhavam a poucos metros dos locais onde outros eram assassinados. Muitas vezes, a diferença entre a vida e a morte reduzia-se a uma segunda tigela de sopa, a um cobertor extra ou ao luxo de um par de sapatos com sola grossa.
As histórias dos campos de concentração nazis tendem a concentrar-se na coragem e na humanidade dos seus prisioneiros. Raramente vemos o lado mais sombrio daquilo que foi feito para sobreviver, as hierarquias entre reclusos, o sucesso com que o génio maligno nacional-socialista despojou os indivíduos de todo o senso moral.
Provavelmente, o que este livro tem de melhor em relação a qualquer outro livro sobre o Holocausto é expor a extrema dificuldade de processar o que aconteceu naqueles campos e de, inclusive, conseguir encontrar o tom moral apropriado para relatar isso. Este é um livro real e deveria ser de leitura obrigatória para toda a gente.