A História do mui Nobre Vespasiano Imperador de Roma foi acabada de imprimir em Lisboa por Valentino de Morávia em 20 de Abril de 1496. No ano anterior, com o patrocínio da rainha Dona Leonor, esposa do rei D. João II, Valentino de Morávia, com a colaboração de Nicolau da Saxónia, imprimia a Vita Christi. É provável que o projecto da edição da História de Vespasiano estivesse já em curso, pois é uma espécie de continuação da Vita Christi. Não é por acaso que a História de Vespasiano surge apensa no final da mesma obra numa versão francesa impressa em Ruen em 1488. Por outro lado, é possível que a doença de que o rei D. João II sofreu nos últimos anos de vida fosse o motivo impulsionador da impressão da obra. De facto, há uma similitude entre essa e a doença de Vespasiano. Na História de Vespasiano é contado que o imperador Vespasiano tinha a lepra. Foi-lhe dito que, se se convertesse ao cristianismo e renunciasse aos ídolos, seria curado. E assim aconteceu. Como agradecimento pela cura milagrosa e num zelo vingador, o imperador decidiu destruir Jerusalém e castigar os Judeus pela morte de Cristo. A cidade foi arrasada e os seus habitantes mortos. Os poucos que restaram foram dispersos. No final, Vespasiano baptiza-se em Roma e arrasta consigo todo o povo, para gáudio do papa São Clemente, que assim via crescer de um momento para o outro o número de fiéis. Como uma boa história, nesta há também um vilão, Pilatos, governador de Jerusalém que, por ter condenado Cristo à morte e por ter deixado de pagar o tributo ao imperador, é também condenado e acaba por morrer preso numa casa que se afunda milagrosamente no meio de um rio. (Da Introdução.) O livro, além do estudo introdutório, contém a edição de Lisboa de 1496, a edição de Paris de c. 1475, a edição de Toledo de c. 1492, a edição de Sevilha de 1499 e uma edição com a ortografia actualizada.