"O Japão é um país de encantos, já o disse; e, pois que é tão palpitante de vida atual esse grupo de ilhas enfloradas que além surge do Pacífico, quem por elas se interesse que vá lá, embora, entremeter-se na chusma descuidosa; fale da amenidade do seu clima, comente os seus primores naturais, ame a sua arte privilegiada, adore mesmo as suas musumés deliciosas...Encontro, sobre a minha mesa de trabalho, dois ou três livros que falam da história japonesa; folheio-os, percorro com a vista as páginas. Disparate, sem dúvida. Em primeiro lugar, para que serve a história; para que serve lançar vistas de alma ao passado, que fatalmente se foi para sempre? Dizem que para ensinamento dos povos. Pode ser; desejava que me indicassem o que têm os povos aprendido nela, os pobres povos; e se a sua condição de miséria, outrora entretecendo de festões de flores o caminho de um déspota romano, hoje regando as couves de um ilustre patriarca qualquer do constitucionalismo em que vivemos, difere sensivelmente. Quando se trate do Japão, o crime é a mais flagrante e de mau gosto. O Japão é um país de encantos, já o disse; e, pois que é tão palpitante de vida atual esse grupo de ilhas enfloradas que além surge do Pacífico, quem por elas se interesse que vá lá, embora, entremeter-se na chusma descuidosa; fale da amenidade do seu clima, comente os seus primores naturais, ame a sua arte privilegiada, adore mesmo as suas musumés deliciosas…"