Camões ressurgiu em pleno meio-dia do romantismo do século XIX, não porque escrevera "Os Lusíadas", mas porque padecera duns amores funestíssimos. O século XVIII citava-o apenas nos livros didáticos, e nas academias eruditas, como exemplar clássico em epítetos e figuras da mais esmerada retórica. Tinha caído em mãos esterilizadoras dos gramáticos que desbotam sapientissimamente todas as flores que tocam, apanham as borboletas, pregam-nas para as classificarem mortas, e abrem listas de hipérboles e metáforas para tudo que transcende a legislatura codificada de Horácio e Aristóteles.