Este livro é uma tentativa, em muitos pontos imperfeita, seguramente, mas sempre sincera, para dar à poesia contemporânea a cor moral, a feição espiritual da sociedade moderna, fazendo-a assim corresponder à alta missão que foi sempre a da Poesia em todos os tempos, no Rigg-Vedda ou nos Lusíadas, em Tirteu como em Rouget de L'lsle – isto é, a forma mais pura daquelas partes soberanas da alma coletiva de uma época, a crença e a aspiração. Partindo deste princípio – a Poesia é a confissão sincera do pensamento mais íntimo de uma idade – o autor, na retidão imparcial da sua lógica, havia de necessariamente concluir com esta outra afirmação – a Poesia moderna é a voz da Revolução – porque Revolução é o nome que o sacerdote da história, o tempo, deixou cair sobre a fronte fatídica do nosso século.