A viúva de Domingos Leite e de João da Veiga Cabral já não tinha alma sensível às felicidades convencionais desta vida. Recordações que lhe eram afronta, e saudades atormentadoras – a imagem terrível do primeiro marido, e a imagem amada e deplorativa do segundo – fechavam-lhe em nuvem negra qualquer aurora de esperançoso contentamento. Nem as carícias de Ângela, nem os amoráveis rogos de Francisco Mendes a demoveram de seguir o destino que a norteara a Portugal. O ermo, a soledade, a dor sem distração, morrer, enfim, alheia de amparos que suavizam o transe, era para Maria Isabel uma necessidade do coração, um sacrifício voluntário à redenção de suas culpas para com Domingos Leite, e ao seu imenso amor a João da Veiga Cabral. No entanto, se algum desafogo sentia ao cuidar que suas lágrimas eram vistas desde o seio de eternidade, com certeza não eram os olhos do primeiro marido os que lhe davam a recompensa da imolação.