A duzentos passos da igreja paroquial de Leça da Palmeira, está, no alto de uma colina, uma capelinha de invocação de Santa Ana. É uma ermida tosca, erguida ali por devoção de não sabemos quem, desamparada depois às injúrias do tempo. Interiormente não sabemos o que é, nem o que foi. De fora tem a poesia, que pode dar-lhe a imaginação dos entes imaginativos, vulgarmente poetas, que são dessa moeda os mais liberais dissipadores. Aquilo podia ser belo! Se lhe plantassem duas alas de acácias ao longo dos trinta degraus, que facilitam o acesso à ermida, e a assombrassem em redor de álamos e amoreiras, a capelinha de Santa Ana, só em si, valeria Sintra, com todos os seus enfeites de arte, que lhe dão a cor falsa duma natureza pintada.