São duas frases de entranhada gratidão a alguns críticos bons, delicados que inutilizaram os períodos percucientes, os punhais das ironias com que tencionavam traspassar do peito às costas o Eusébio Macário, tão sinistramente agoirado. Esta reconsideração, já agora, é uma virtude que daria santos à legenda áurea dos literatos, se eles coubessem no Céu, onde há tantos, beatificados por fomes de trutas e sedes de "lacrima-Christi" – que importa o mesmo dizer fomes e sedes de justiça. O tímido autor esperava que os artistas não refugassem a obra tracejada, e afirmassem que eu, nesta decrepidez em que faço ao estilo o que os meus coevos de juventude fazem ao bigode, não podia penetrar com olho moderno os processos do naturalismo no romance. Ora a coisa em si era tão fácil que até eu a fiz, e tão vaidoso fiquei do Eusébio Macário que o reputo o mais banal, mais oco e mais insignificante romance que ainda alinhavei para as fancarias da literatura de pacotilha. Se eu o não escrevesse de um jato, e sem intermissões de reflexão, carpir-me-ia do tempo malbaratado.