Contrista-nos este ir ceifando a morte umas criações, que nos avultam forma e espiritualidade humanas, quer as trasladássemos da realidade, quer as realizássemos na imaginativa, porque viveram em o nosso lar, cismaram connosco nas solidões da montanha, e as vimos, em nossas insónias, sofrer e gozar. O leitor não ganhou afeto a essas entidades que o desenfadaram de estudos, canseiras e tédios. Acompanhou-as com impassível curiosidade até ao cemitério e abriu mão do livro como, ao recolher dos responsos fúnebres de defunto que deixou herdeiros prestadios, um atencioso frequentador de mortuários desde a casaca dos pêsames convencionais, e vai espairecer-se nas ligeirezas dos vivos, dizendo de si consigo sentenciosamente o epifonema: «Somos todos mortais.» Ah!, que não sejam assim os cronistas das paixões boas e más!