O eminente bibliógrafo e meu prezado amigo Inocêncio Francisco da Silva, historiando em breves linhas a vida quase obscura de Brás Luís de Abreu, conclui com estas palavras: Se algum dos nossos romancistas atuais se resolvesse a tratar o assunto, afigura-se-me que a vida deste nosso médico, com os curiosíssimos incidentes que ficam apontados, lhe dariam sobeja matéria para a fábrica de uma composição, onde mediante a lição dos escritos, que nos restam de Brás Luís, poderiam fundir-se habilmente espécies mui interessantes para daí resultar obra de cunho verdadeiramente nacional. Os termos em que o convite é feito animam e ao mesmo tempo assustam. Comecei temerariamente a composição deste romance: mau foi principiá-lo, que eu sou tão pouco cioso de aprimorar escritos desta ordem, que não me forro ao perigo de concluí-los e imprimi-los, ainda quando me desagradam. Não direi o que penso deste: assevero, porém, que não está decerto realizada a esperança do meu amigo Inocêncio Francisco da Silva. Se a biografia do autor do Portugal Médico é mina para locupletar romancistas, vão lá todos, que eu não toquei nos veios mais ricos.