Seis meses antes de se abrir um céu que o leitor há-de entrever em certas festas de Corpus Christi, em Braga, se eu conseguir bosquejá-las dignamente, espalharam-se prospectos da festividade por todo o reino. Corria o ano de 1687. A notícia alvoroçara as famílias das províncias de norte e sul. Era um louvar a Deus ver o denodo com que de solares sertanejos de Trás-os-Montes, por caminhos de cabras, desciam fidalgarrões, cabeças de copiosas tribos de meninas, sentadas sobre andilhas de coxins adamascados ou em liteiras ponderosas, cujos brasões iam dizendo a porção de sangue real de godos, seiva do venerando tronco de que tinham grelado as damas ou cavaleiros conteúdas dentro, a cabecear de sono.