As paixões dormem, o riso postiço criou cama, as mãos habituaram-se a fazer todos os dias os mesmos gestos. A mesma teia pegajosa envolve e neutraliza, e só um ruído sobreleva, o da morte, que tem diante de si o tempo ilimitado para roer. Há aqui ódios que minam e contraminam, mas como o tempo chega para tudo, cada ano minam um palmo. A paciência é infinita e mete espigões pela terra dentro: adquiriu a cor da pedra e todos os dias cresce uma polegada. A ambição não avança um pé sem ter o outro assente, a manha anda e desanda, e, por mais que se escute, não se lhe ouvem os passos. Na aparência é a insignificância a lei da vida; é a insignificância que governa a vila.
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- Índice
- A vila
- O sonho
- A vila e o sonho
- Papéis do gabiru
- Atrás do muro
- O sonho em marcha
- Fevereiro
- A mulher da esfrega
- Papéis do gabiru
- Outra vila
- Deus
- O dever
- A velha e os ladrões
- Papéis do gabiru
- Primavera eterna
- Deus
- Céu e inferno
- A árvore
- Papéis do gabiru
- Terceira noite de luar