"Considero os meses mais felizes da minha vida aqueles em que eu e minha mulher fomos viver para uma aldeia remota. Ainda hoje me penetra a solidão perfumada dos montes. A casa não tinha vidros e à noite o silêncio doirado de estrelas entrava pelas janelas e desabava sobre nós... Há horas em que as coisas nos contemplam, e estão por um fio a comunicar connosco. Às vezes é um nada, um momento de êxtase em que distintamente ouvimos os passos da vida caminhando. O homem, sozinho, está mais perto de Deus e das coisas eternas. Sabe-lhe melhor a vida, compreende melhor a morte. Um pormenor que o interesse entranha-se-lhe na alma para sempre, como um perfume que nunca mais se esvai... Ainda este ano o Maio foi tão quente que toda a noite se lavrou ao luar..."