Naquela noite de Março, desabrida e húmida, uma grande animação fervilhava alacremente ao fundo da Rua do Salitre. Era em 1867. Frente a frente, as Variedades e o Circo Price alinhavam os seus bicos de gás festeiros, a que as vesgastadas do noroeste, impunham um tremilhar inquieto. Quinta-feira – noite de cabriolas com um sobrescrito à fina sociedade. Enchente certa no Circo. De cada lado do portal da entrada, um semicírculo compacto de gente se agitava, tendo por centro cada um seu postigo de bilheteiro, e ambos por igual colados, premidos sofregamente contra a parede verdoenga do barracão, e arredondando pela rua fora, numa irregularidade gritada e confusa, a toda a largura do macadame. Tudo queria bilhete. Havia chapéus tombados, ombros que penetravam à cunha, braços arpoando vigorosamente os alizares castanhos dos postigos, mãos retirando triunfantes, muito erguidas, com um papelinho azul ao vento.